30 de outubro de 2007

Perder e ganhar

Há horas em nossa vida que somos tomados por uma enorme sensação de inutilidade e de vazio. Questionamos o porquê de nossa existência e nada parece fazer sentido.
Concentramos a nossa atenção no lado mais cruel da vida, aquele que é implacável e a todos afecta indistintamente: as perdas do ser humano.
Ao nascer, perdemos o aconchego, a segurança e a protecção do útero. Estamos, a partir de então, por nossa conta. Sozinhos. Começamos a vida em perda e nela continuamos.
Paradoxalmente, no momento em que perdemos algo, outras possibilidades nos surgem.Ao perdermos o aconchego do útero, ganhamos os braços do mundo. Ele nos acolhe, nos encanta, assusta, eleva e nos destrói.

E continuamos a perder e seguimos a ganhar.
Perdemos primeiro a inocência da infância. A confiança absoluta na mão que segura a nossa mão, a coragem de andar na bicicleta sem rodinhas porque alguém ao nosso lado nos assegura que não nos deixará cair...
E ao perdê-la, adquirimos a capacidade de questionar.
Porquê? Perguntamos tudo e a todos.
Abrimos portas para um novo mundo e fechamos janelas, irremediavelmente deixadas para trás. Estamos a crescer.

Nascer, crescer, amadurecer, envelhecer, morrer…
Vamos perdendo aos poucos alguns direitos e conquistando outros. Perdemos o direito de poder chorar bem alto, aos gritos mesmo, quando algo nos é tomado contra a vontade. Perdemos o direito de dizer absolutamente tudo que nos passa pela cabeça sem medo de ferir susceptibilidades. Assim, se nossa tia às vezes nos parece gorda tememos dizer-lhe isso. Receamos rir escandalosamente do calção ridículo do vizinho ou puxar as peles do braço da avó com a maior naturalidade do mundo e ainda falar bem alto sobre o assunto.

Estamos crescidos e ensinam-nos que não devemos ser tão sinceros. E aprendemos.E vamos crescendo, ganhamos peso, ganhamos uma nova forma, um novo corpo, ganhamos o mundo. E neste ponto, vivemos em grande conflito.
O mundo parece-nos inadequado aos nossos sonhos... Ah! Os sonhos!!!
Ganhamos muitos sonhos. Sonhamos dormindo, sonhamos acordados, sonhamos sempre.
Aí, de repente, caímos na realidade!
Estamos a amadurecer, todos nos admiram.
Tornamo-nos equilibrados, contidos, ponderados. Perdemos a espontaneidade. Passamos a utilizar o raciocínio, a razão acima de tudo. Mas não é justamente essa a condição que nos coloca acima (?) dos outros animais? A racionalidade, a capacidade de organizar nossas acções de modo lógico e racionalmente planeado?


E continuamos a amadurecer, ganhamos um carro novo, um companheiro(a), ganhamos um diploma …
… e desgraçadamente perdemos o direito de gargalhar, de andar descalço, andar à chuva, lamber os dedos e soltar um “pum” sem querer.
Já não saltamos mais para o pescoço de quem amamos e atascamos-lhe aquele beijo sonoro, mas apertamos as mãos de todos, ganhamos novos amigos, ganhamos um bom salário, ganhamos reconhecimento, títulos honorários e a chave da cidade.

E assim, vamos ganhando, perdendo o tempo enquanto envelhecemos.
De repente percebemos que ganhamos algumas rugas, algumas dores nas costas (ou nas pernas), e nos damos conta que perdemos também o brilho no olhar, esquecemos os nossos sonhos, deixamos de sorrir.
Perdemos a esperança. Estamos a envelhecer.
Não podemos deixar para fazer algo quando estivermos a morrer.
Afinal, sempre haverá um renascer... pelo perdão a si próprio, pelo compreender que as perdas fazem parte, mas que apesar delas, o sol continua brilhando e felizmente chove de vez em quando; que a primavera sempre chega após o Inverno.

Que a gente cresça e simplesmente não envelheça.
Que tenhamos dores nas costas e alguém que as massaje.

Que tenhamos rugas e boas lembranças.
Que tenhamos juízo, mas mantenhamos o bom humor e um pouco de ousadia.
Que sejamos racionais, mas lutemos pelos nossos sonhos.


E, principalmente, que não digamos apenas eu te amo, mas ajamos de modo que aqueles a quem amamos, sintam-se amados mais do que saibam-se amados.
Afinal, o que é o tempo?

29 de outubro de 2007

Em busca da felicidade

Felicidade...
é um sentimento tão maravilhoso,
e eu hoje, sinto-a ... sinto-a bem perto.
Sei que é algo que se vive num tempo tão curto que muitos de nós nem chegamos a ter consciência de que a estamos a viver....mas eu sou um felizardo por ter noção e por a sentir aqui bem dentro de mim.
....
O fim de semana foi muito bom, foi tempo de arrumar as ideias, de saber o que há, o que tenho, do que quero...
...e isso fez-me acordar e pôr-me a mexer, não querendo morrer já, lutando para alcançar o que desejo.

E eu desejo tanto ... pois sou novo. Não !!!!!
... pois estou VIVO!

6 de setembro de 2007

O mundo e a paixão

Sinto-me só e perdido, num mundo onde todos se tentam destacar numa sociedade de aparências. Não entendo esta sociedade, em que o mais importante é aquilo que o outro veste, aquilo que o outro fez … e cujas conversas giram em torno disso … futilidades.
Não devia ser assim.
A beleza das pessoas esta no que reside no seu interior e não no que aparenta, por isso de que nos adianta procurar a beleza, se a verdadeira beleza não e alcançável pela vista humana?
Será por isso que actualmente nos deparamos com elevados índices de divórcio?
Será por isso que há tanta dificuldade em namorar?
Namorar, não curtir ou ficar como esta muito na moda agora!!!
A sociedade vive da imagem e com ela se alimenta de forma incessante.
Não percebo…

Ao olhar para trás, vejo e escuto histórias dos nossos antepassados que viviam vidas inteiras unidos e interrogo-me se viveriam felizes!
Amor, paixão, acredito que o tenham vivido, mas passados 20, 30 anos, será que ainda o sentem?
Duvido! Apesar de acreditar que o amor ainda o tenham, mas a paixão? Não, acho que este ao longo do tempo, com o quotidiano e rotina á mistura dá lugar a um novo sentimento, ao qual, enquanto somos novos nos passa despercebidos – o companheirismo.
É bom sentir no outro um apoio, o companheirismo que tanto necessitamos no dia a dia, mas e a paixão? Perde-se? Ou o(a) companheiro(a) deixa de ser estimulante? Ou pior ainda olhamos para os lados, pois temos a certeza de que o que temos não nos foge?
Errado, pois deveríamos viver a vida a conquistar cada vez mais o que temos pois ninguém é de ninguém e nunca é de mais conquistar quem temos a nosso lado.
A paixão deve prevalecer para toda a vida pois e ela que nos dá as alegrias e ao mesmo tempo as inseguranças.
Viver uma vida repleta de paixão, é viver em constante conquista sobre o outro.

Lado lunar



Não me mostres o teu lado feliz
A luz do teu rosto quando sorris
Faz-me crer que tudo em ti é risonho
Como se viesses do fundo de um sonho

Não me abras assim o teu mundo
O teu lado solar só dura um segundo
Não e por ele que te quero amar
Embora seja ele que me esteja a enganar

Toda a alma tem uma face negra
Nem eu nem tu fugimos à regra
Tiremos à expressão todo o dramatismo
Por ser para ti eu uso um eufemismo
Chamemos-lhe apenas o lado lunar
Mostra-me o teu lado lunar


Desvenda-me o teu lado mausão
O túnel secreto a loja de horrores
A arca escondida debaixo do chão
Com poeira de sonhos e ruinas de amor

Eu hei-de te amar por esse lado escuro
Com lados felizes eu já não me iludo
Se resistir à treva é um amor seguro
à prova de bala à prova de tudo

Mostra-me o avesso da tua alma
Conhecê-lo e tudo o que eu preciso
Para poder gostar mais dessa luz falsa
Que ilumina as arcadas do teu sorriso

Não é por ela que te quero amar
Embora seja ela que me vai enganar
Se mostrares agora o teu lado lunar
Mesmo às escuras eu não vou reclamar

4 de setembro de 2007

Ninguém é de ninguém


Dou inicío á minha página com a letra desta música
Talvez uma das melhores letras em que expressa uma realidade que poucos a conseguem ver...

"Conta-me histórias
A que eu gostaria de voltar
Tenho saudades de momentos
Que nunca mais vou encontrar
A vida talvez sejam só 3 dias
Eu quero andar sempre devagar
Até a ti chegar