23 de março de 2011

uma história

um homem rico já com alguma idade sobre os ombros, vivia no cume de uma montanha só e feliz, em paz consigo mesmo.
um dia em conversa com um jovem que por ali passava partilhou seguinte episódio de sua vida:

- "quando minha mulher ficou doente, e sempre a piorar, para nós a tristeza era cada vez maior. Ela ocupou-se sempre da educação das crianças, tomou conta da casa e cuidou de nós todos, de tal forma que parecia uma coisa muito fácil. Era muito duro vê-la com tantas dores que não a deixavam fazer a maior parte das coisas que ela costumava fazer. Portanto, esforcei-me para tomar conta dela e dos nossos filhos, ajudar na casa e continuar o meu trabalho. Depressa fiquei exausto. É claro que aquilo que realmente me preocupava era o bem-estar dela. Não sabia o que fazer.
a voz do velho ficou ligeiramente bloqueada, ao lembrar-se daquele período negro
- deve ter sido muito difícil - disse o rapaz em voz baixa.
- pois foi - admitiu o velho. - fiquei com muito medo.
estava preocupado com o que pudesse acontecer. Sabia que o medo pode afastar a verdade. Qual é a verdade desta situação? E a verdade era simples: amava a minha mulher. Depois perguntei a mim mesmo: qual seria a maior prova de amor que poderia dar neste momento? Ao principio não sabia. Mas comecei a fazer o melhor que podia para ajudar. E depressa a situação deixou de ser tão negra, tão triste.
- mas porquê? - perguntou o rapaz.
- porque vi que a minha mulher percebeu como eu a amava. Fê-la sentir-se muito melhor. Sabia que não tinha sido tão cuidadoso como poderia. Depressa saboreei o sentimento que resulta de sermos pessoas melhores. - E o velho acrescentou:
- para minha surpresa, comecei a sentir-me mais em paz e mais bem-sucedido, mesmo nas circunstâncias terríveis em que nos encontrávamos. Percebi que, na realidade muitos dos meus receios tinham a ver comigo e não com ela. Ao procurar a maneira de ter mais compaixão, mudei o meu foco de mim para ela. Consegui sair de dentro de mim próprio."

uma história...

4 comentários:

Sofia disse...

O amor faz coisas espantosas.
Tenho pena de agora não ver coisas assim.

L* disse...

Uma história muito bonita!^^
*

Xp disse...

Por vezes associamos a mesma á piedade... no entanto acho que compaixão não tem a ver com pena ou dó.
A compaixão está associada ao amor :)...que não julga e necessita apenas de ser alimentado.

hug * disse...

.Sofia.
o amor é lindo, não te digo que me encontre num bom panorama, pois sei o que sentes, contudo não se pode deixar de acreditar... e um dia bate-nos à porta, se é que já não está a bater ;)

xp
o amor, o companheirismo são coisas tão sólidas que nada têm haver com a paixão que se sente num novo amor... um é ternura o outro é fogo :)

L*
ainda bem que gostaste ;)
**